segunda-feira, 10 de março de 2008

OLIVER SMITHIES X BENTO XVI - G. MACEDO


CIÊNCIA & SAÚDE

AUTOR GABRIEL MACEDO


O biólogo molecular e ganhador do prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 2007, Oliver Smithies, afirmou ontem, em São Paulo, antes de uma palestra sobre sua trajetória de 60 anos no ramo da ciência, que "um país que não tomar parte nas pesquisas com células-tronco embrionárias perderá a oportunidade de oferecer sua contribuição à humanidade". Smithies espera do Supremo Tribunal Federal (STF) a adoção de uma nova perspectiva diante do problema ético que é suscitado pelas pesquisas.

O Supremo Tribunal suspendeu, na semana passada, o julgamento sobre a constitucionalidade da utilização de tais células em pesquisas. Em 30 dias, o assunto voltará a ser apreciado pelos onze membros que compõem o Tribunal. A suspensão foi, na realidade, um pedido de vista do ministro Carlos Alberto Direito.

Oliver Smithies defende a idéia de que os estudos envolvendo células-tronco embrionárias, na verdade, trata-se de "preservar a vida do embrião", e não matá-lo. Ele acredita que as restrições ao "avanço tecnológico", inclusive religiosas, tendem a diminuir ou até mesmo desaparecer. Em contraposição, o papa Bento XVI, no dia de ontem, fez uma homilia para 200 jovens em São Lourenço e disse: "O homem é sempre homem com toda a sua dignidade, mesmo se estiver em estado de coma, mesmo se for um embrião".

Eu li a respeito desse paralelo na página 2 d'O Povo e os fantasmas do 3º ano médio voltaram a me assombrar. No entanto, não é só porque não devemos mais escrever uma redação por dia sobre um assunto da atualidade que vamos desligar nossas mentes para o que acontece. Quando vi a reportagem, achei que devia trazer para o blog, porque acho que é de interesse geral e extrema relevância.

Mas então, o que acham? Eu não pude deixar de me divertir com a ironia e a própria luta entre opiniões que foi claramente apresentada no texto de Alexandre Gonçalves. É, de certa forma, engraçado como, no mesmo dia, dois homens podem, sem sequer imaginar (ou não), divergir de tal forma em relação a um assunto tão polêmico. Pobre Oliver, por imaginar que as "restrições religiosas" só tendem a diminuir ou até desaparecer...
Vocês acreditam nisso? Será que haverá um dia em que as portas da Igreja se abrirão por completo para dar as boas-vindas à Ciência e ao avanço tecnológico?