segunda-feira, 14 de abril de 2008

OS BIOCOMBUSTÍVEIS E A ONU

POLÍTICA & ECONOMIA

AUTOR GABRIEL MACEDO


O suíco Jean Ziegler declarou hoje, em relatório especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Direito à Alimentação, que a produção em massa de biocombustíveis significa crime contra a humanidade pelo seu impacto nos preços mundiais dos alimentos.

Isso mesmo que você leu: crime.

O argumento de Ziegler e dos demais críticos da tecnologia é de que o uso de terras férteis para cultivos destinados a fabricar biocombustíveis reduz as superfícies destinadas aos alimentos e também contribui para o aumento dos preços dos mantimentos.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) recebeu um pedido do relator especial da ONU para que mude a política que diz respeito aos subsídios agrícolas e para que deixe de apoiar somente os programas destinados à redução da dívida. Jean Ziegler acredita que a agricultura também deve ser subsidiada em locais onde se possa garantir sobrevivência da população como um todo.

"Temos agora que colocar nosso dinheiro onde está a nossa boca, para que possamos colocar comida em bocas famintas."

A frase é de Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial (Bird), defendendo a idéia de que não se pode ficar apenas no discurso, mas tomar uma ação eficiente e prática. Juntamente ao presidente do Bird, o diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, defendeu a adoção de medidas urgentes para conter a inflação.

No Brasil, o presidente Luiz Inácio "Lula" da Silva tomou a palavra. Ele disse que não se pode culpar o investimento nos biocombustíveis pela pressão nos preços. Defende a tese de que é necessário produzir mais em nível mundial. Lula considera a questão inteira como "inflação boa", pois "convoca" os países a produzir em maior quantidade. O Presidente acha que a inflação dos alimentos deve-se ao fato de que as pessoas estão comendo muito.

De acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Brasil poderá se beneficiar pelo "choque de oferta", pois trata-se de um país ainda em parte agrícola.