sábado, 22 de março de 2008

DALAI-LAMA AMEAÇA RENUNCIAR - G. MACEDO


POLÍTICA & ECONOMIA

AUTOR GABRIEL MACEDO


dalai-lama


Na terça-feira que passou (18), o dalai-lama fez uma ameaça em público de que, se a situação no Tibete ficar fora de controle, terá de renunciar. Vocês estão acompanhando a dita "situação no Tibete"?

Além disso, o dalai-lama negou acusações da China de que ele era o responsável pelo tumulto em Lhasa, o principal instigador. Essa resposta, anunciada durante uma entrevista coletiva na cidade onde fica a sede do governo tibetano exilado, Dharamsala, veio em réplica à acusação do premiê chinês Wen Jiabao, que, naquele dia, sugeriu que dez pessoas já tinham morrido e que os seguidores do líder espiritual tibetano estavam tentando "incitar uma sabotagem" aos Jogos Olímpicos, que serão realizados em agosto na capital chinesa, Pequim.

O dalai-lama, no entanto, exilado na Índia desde 1959, negou tais acusações e assegurou que é contrário à violência. Num pedido julgado emocionado, o líder espiritual pediu para que "parassem a violência do lado chinês e também do lado tibetano". O primeiro-ministro chinês, de fato, pediu para que o dalai-lama renunciasse à independência do Tibete, afirmando ter provas de que os "incidentes" foram estimulados e organizados pelo grupo do dalai-lama. O tibetano, ainda na terça-feira, aparentou aberto e receptivo a um diálogo ao convidar as autoridades chinesas para uma reunião a fim de investigar. Dalai-lama disse que não tem nada a esconder dos chineses e que, se quiserem começar a investigar a partir de seu exílio, serão bem-vindos.

Ao mesmo tempo em que descartou a inclusão, na agenda de eventuais discussões com a China, a reinvidicação de independência do Tibete, o dalai-lama defendeu, à imprensa em Dharamsala, que "temos que construir boas relações com os chineses". Sua conclusão foi de que "se as paixões se acalmarem dos dois lados, poderemos trabalhar", referindo-se à violência, que considera quase como um suicídio.

Os protestos de que estive falando ocorreram na sexta-feira passada (14) como parte de manifestações que se iniciaram no começo da semana, dia 10, e que marcaram o 49º aniversário do levante de Lhasa, que levou o dalai-lama ao exílio. Centenas de monges tomaram as ruas e, com a adesão dos tibetanos, os protestos ganharam força, tendo sido apontados como os maiores e mais violentos dos últimos 20 anos. Basicamente, trata-se de uma reação à notícia de que monges budistas teriam sido presos depois da passeata de segunda-feira. A China negou o uso de armas para conter a manifestação.

Hoje, o levantamento é de que foram 19 os mortos nos distúrbios da capital tibetana. A agência estatal de notícias Nova China confirmou ontem que 18 civis e um policial perderam a vida durante os protestos que sacudiram Lhasa na semana passada. Já o governo tibetano confere que pelo menos 99 pessoas morreram. O relatório da Nova China também revela que foram 241 os policiais feridos e 382 civis. O governo chinês está oferecendo uma recompensa a quem possa ajudar a capturar um dos 19 suspeitos. As fotos desses homens foram divulgadas em massa, nos últimos dias, pela mídia. São "os homens mais perigosos já vividos no Tibete nos últimos 20 anos".

Quando li a notícia de que o dalai-lama havia ameaçado renunciar, quis postar aqui no blog imediatamente, mas decidi esperar por mais informações a respeito do conflito entre a Índia e a China, pois sabia que surgiriam. Tenho certeza de que ainda ouviremos falar do problema muitas vezes. Minha pretensão é de manter-nos atualizados nessa questão e de abrir uma discussão. Sintam-se livres, então, para opinar e debater a respeito. É só clicar aqui embaixo, nos comentários!