domingo, 9 de março de 2008

JUNO - F. VIEIRA & G. MACEDO


CULTURA & ARTE


O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho.
- Orson Welles -


juno 1
a grande arte


AUTORA FERNANDA VIEIRA


No final de semana passado, uma amiga resolveu me convidar para ir ao cinema. Decidi aceitar seu singelo convite, pois estava sem fazer nada e gostaria de me distrair um pouco. Perguntei-lhe se teria alguma sugestão de filme e ela me disse: “Juno!”. Interessei-me logo para saber qual assunto o filme abordava, pois seu título nos remete a vários temas, e justamente o que eu menos esperava, encontrei no longa-metragem da roteirista Diablo Cody. Pesquisei na Internet o trailer e consegui descobrir um pouco da história da personagem de Ellen Page. Trata-se de uma adolescente autêntica que fica grávida acidentalmente de seu melhor amigo e decide entregar seu filho para adoção.

O filme é bem parecido com a personalidade de Juno. Resumidamente, é uma mistura de drama e comédia. O tema “gravidez precoce” é retratado de uma forma memorável, pois a história não é vista com grandes emoções ou preconceitos, o que geralmente é visto na vida real. O que está em jogo e o que faz o filme se destacar é a forma como a situação está sendo discutida, a incrível relação da protagonista com o mundo. Por possuir um bom elenco: Ellen Page (a Kitty Pryde, de X-Men 3), J.K. Simmons (o J.J. Jameson, de Homem-Aranha), Allison Janney (The West Wing), Michael Cera (Superbad), Jennifer Garner (Alias), e por utilizar alguns clássicos na trilha sonora, como, The Kinks e Buddy Holly, o filme realmente é aquele que não enjoamos de assistir.

Sensível, comunicativo e inteligente. Não foi à toa que Juno levou o Oscar de Melhor Roteiro Original. Originalidade é o que não falta. O que me chamou atenção nesse aspecto foi o detalhe do “Tic-tac laranja”, produto consumido cotidianamente pelos jovens e que ganhou uma carga enorme de significado. Fica aqui a dica de filme para quem ainda não assistiu a nova pérola da cinematografia independente norte-americana.


juno 2
a grande arte


AUTOR GABRIEL MACEDO


Quando você assiste uma vez, quer assistir a segunda. Quando assiste a segunda, quer assistir uma terceira. Juno, para quem tem sensibilidade, senso de humor e uma visão de mundo diferenciada da grande massa popular, é quase um vício.

O filme "começa com uma cadeira". O roteiro pode ser visto como um diário de uma garota de 16 anos que se apresenta às grandes telas bebendo litros e mais litros de suco engarrafado para produzir urina o suficiente apenas a fim de constatar, pela terceira vez, que está grávida. "Quem é o pai?" é a primeira pergunta feita pelo personagem de J.K. Simmons (da trilogia Homem-Aranha), o pai de Juno. A jovem menina, com o apoio da melhor amiga, revela ao sr. MacGuff e à madrasta (a magnífica atriz Allison Janney) que o pai do seu bebê é Paulie Bleeker (Michael Cera), o jovem corredor de "belas pernas" e melhor amigo de Juno.

Juno, no entanto, já tem a solução perfeita. Quase como de supetão, ela afirma que vai entregar seu filho à adoção. Ela e a amiga encontram o casal mais bonito do caderno (Jennifer Garner e Jason Bateman), conhecido, aqui, dos classificados. A gravidez da adolescente vai transformar a vida de todos ao seu redor das mais diversas formas.

A película acompanha a gestação de Juno pelas estações do ano. Do outono até o verão, a trilha sonora (composta, em maioria, pela bela voz de Kimya Dawson e pelo Antsy Pants) nos leva a conhecer não somente o quarto dessa menina, mas seu "planeta" inteiro, sua maneira de se vestir, seu gosto musical e cinematográfico, seu jeito de falar, seus colegas, verdadeiros amigos, família e seu amor.

Juno foi indicado os Oscars de Melhor Atriz, para Ellen Page (X-Men 3 e MeninaMá.com), Melhor Diretor, para Jason Reitman (Obrigado por Fumar), Melhor Roteiro Original, para Diablo Cody e Melhor Filme. Diablo Cody, a roteirista novata, levantou-se de sua cadeira do Teatro Kodak para receber a única estatueta que a produção conquistou, pelo seu roteiro original altamente original.

Ellen Page provou que é capaz de cativar uma enorme variedade de público. Jovens adolescentes, adultos jovens, pais, mães e até mesmo um certo senhor de 80 anos (e sim, me refiro ao Oscar, que completou oito décadas este ano). Ela foi considerada a ovelha-negra da cerimônia e, ao lado de grandes atrizes dramáticas, não acrescentou mais prêmios para o filme, mas certamente abriu sorrisos de muitos admiradores da "menina má".

Quer ver um trailer do filme? Clica
aqui.