domingo, 30 de março de 2008

SIMPLESMENTE CHICO - A. LINHARES


CULTURA & ARTE

AUTORA ALANA LINHARES


chico


Em meio às tradições e reflexões religiosas e ao grande número de cearenses viajando, poesia, música e teatro subiram ao palco na quarta-feira (19) santa do mês de março. O Pausa Dramática, um projeto de leitura dramatizada que acontece mensal e gratuitamente no auditório do Centro Cultural Dragão do Mar, apresentou de casa cheia, mais uma de suas edições.

Com quase um ano e meio de vida, o Pausa já abordou diversos escritores e dramaturgos com inúmeras temáticas literárias. De Clarice Lispector a Nelson Rodrigues, da introspecção à comédia, o projeto está conquistando o público da cena cultural de Fortaleza. Através dos debates promovidos após cada apresentação, os espectadores têm acesso a maiores informações sobre o escritor, sobre suas obras e, principalmente, sobre o tema em questão, sempre sintetizado e debatido entre um convidado especial e a platéia. Sempre levando competentes atores, o evento tem sua grande importância também para o teatro cearense, que possui inúmeras revelações e talentos e tem procurado reciclar-se não só na técnica, mas também na arte.

Dramatizado por Yuri Yamamoto, Démick Lopes e Ricardo Tabosa, o literato da vez foi o escritor, músico, boêmio e representante, ainda vivo, da história de nosso país, Chico Buarque de Hollanda. Chico, doce e encantador, também é conhecido por suas músicas com temáticas femininas, como "Olhos nos Olhos", "Atrás da Porta" e outras, as quais representaram, durante o evento, um pouco da alma e da doçura buarqueanas.

Onde mora a sua feminilidade? Em Chico e em suas canções, a mulher dança entre a poesia, a melodia, os dramas e a sensualidade. Galanteada e dona de seu mundo, encanta e mostra-se à flor da pele, frágil e poderosa, exteriorizada por seus sentimentos, envolvida em seus desejos e perdas e despida de pretensões; uma antítese e metáfora dos sentimentos leves e densos de qualquer ser humano.

Segundo a psicóloga Luciana Holanda, convidada especial da edição, "para você se constituir mulher, você se pergunta mulher a partir de uma ótica masculina". Esse pensamento da psicanálise caracteriza, simultaneamente, a submissão e o poder feminino perante o homem, com sua necessidade de um outro que a ache bela, ou que, simplesmente, lhe aceite, e que também lhe assegure a tão procurada estabilidade sentimental.

As mulheres de Chico são representadas pelas máscaras da sedução, do desamparo, da fragilidade e da força. "A dificuldade cênica foi por causa da necessidade de uma representação feminina natural que o teatro pede. Então, trabalhamos a partir das impressões que temos das imagens femininas, tomando cuidado para que nossas atuações não tomassem um sentido pejorativo visual", diz Ricardo Tabosa.

Abandono, desilusões, expectativas e desejos... Somos um pouco mulheres, um pouco doçura e amargura, um pouco de tentativa, erotismo e um pouco de sensibilidade. Chico e suas mulheres, nós e nossos sentimentos. Nossa feminilidade mora no coração.

8 comentários:

Anônimo disse...

Não conhecia o projeto "Pausa Dramática" realizado no Centro Cutural Dragão do Mar e pela descrição da Alana parece-me bastante interessante cuturalmente. Dedicação em arte e cultura,tendo principalmente a acessibilidade para toda a população fortalezense, deveria ser mais divulgados, na verdade, a população necessita "descobrir" a riqueza cultural que existe no Ceará e no Brasil, como é o caso de Chico Buarque de Holanda.

Parabéns Alana, adorei o texto.

quinderégomes disse...

Parafraseando Gabriel Macedo: Chico Buarque quebra tudo.

quinderégomes disse...

Continuando meu mísero comentário acima. Concordo com você, Fernanda.
Nosso Brasil (leia-se Ceará/Fortaleza, mas vale para todos) é pobre culturalmente.
Garanto que muitos não souberam desse evento, garanto que os que sou beram não foram. Eu sou um desses.
Faço um apelo: cabe a nós, futuros jornalistas, despertar esse interesse em nós e nos outros. Afinal, somos o futuro desse país.

Anônimo disse...

Também adorei o texto, Alana. Até então não tinha conhecimento de um projeto como esse aqui em Fortaleza.
Existe algum site que forneça maiores informações?

Anônimo disse...

Seguindo a linha dos comentários, (como não podia deixar de ser) achei o posto muito muito bom. Primeiramente, por tomar conhecimento de um projeto que a Alana conseguiu 'apresentar' pra nós de uma maneira bem bacana. E também pelo modo com que o post foi escrito, cheio de poesia mas nem por isso sem informação, pelo contrário.

Obs: Chico, uau! :P

asa disse...

rsss

érica, o Pausa não possui nenhum site em específico, mas possui uma comunidade no orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=25085296 lá sempre tem as informações dos encontros. caso você não consiga ter informações sobre a próxima edição, pode, através da comunidade do Pausa Dramática, tentar falar com um moço chamado Rafael Martins, o coordenador do projeto. uma boa pedida, também, é ficar de olho no site do dragão do mar: http://www.dragaodomar.org.br

:)

jotapê disse...

dá-lhe, chico.
denovo...

Anônimo disse...

Muito bom esse texto da Alana,além do assunto ser,para mim,muito interessante,a Alana soube escreve-lo de uma forma muito envolvente.Elaine tem toda razão quando diz que muitos não souberam desse projeto e alguns dos que souberam não foram.Confesso que mesmo sabendo seria difícil de eu ir,mesmo gostanto bastante do trabalho do Chico Buarque.E concordo com a Fernanda,nos devemos conhecer e valorizar mais nossa cultura.