AUTOR Em primeiro lugar, considero o assunto de que vou falar como parte da categoria Política & Economia porque creio que o que esteve acontecendo na Universidade de Brasília (UnB), além de passear nos campos culturais, sociais e por vezes pessoais, refere-se, em grande instância, à política brasileira como um todo. Quando falamos de política, pensamos em homens carecas que usam ternos sem graça e gravatas sem cores, óculos e canetas douradas, mas existe uma política na cabeça de cada estudante, do colégio à Universidade, e essa política é tão poderosa quanto qualquer outra existente.
POLÍTICA & ECONOMIA
Desde o dia 3 de abril, um severo número de estudantes da Universidade de Brasília tem estado, sem segredos e delongas, na reitoria da Instituição. A tomada do prédio é, fatualmente, uma invasão, mais ou menos como aconteceu, no ano passado, na Universidade de São Paulo (USP). Os alunos, até o dia 10, decidiram em assembléia manter a invasão e paralisar as aulas pelos dias seguintes, firmes e fortes na idéia de que só deixariam o prédio da reitoria na ocasião da renúncia do reitor Timothy Mulholland. A Polícia Militar não estava presente, mas não foi preciso. O número contado pelos próprios estudantes era de 1.600 pessoas em assembléia.
O reitor foi acusado em ação de mau caráter administrativo de usar de forma "ilegal" recursos que deveriam ser destinados à pesquisa na decoração de apartamento funcional. Mulholland se defendeu em nota: "Finalmente, tenho o direito de conhecer a acusação e de me defender na Justiça, onde meus direitos serão respeitados". Na semana passada, ele disse, com convicção, que não intenciona renunciar.
Pois muito bem. Vejam bem: ele o fez. O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou que parlamentares, outros ministros e até mesmo o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Cezar Britto, chegaram a apelar ao reitor que ele abandonasse o cargo por alguns dias. O Ministro mostrou-se extremamente responsável e envolvido na questão, comprometendo-se com tudo o que estiver acontecendo. Durante 60 dias, o reitor Timothy Mulholland ficará afastado da reitoria e seu vice, Edgar Mamiya, ficará a cargo. Em nota, o reitor afastado disse:
"Foi uma decisão pessoal para assegurar princípios constitucionais de eficiência, publicidade, moralidade, impessoalidade, legalidade e transparência nos fatos a mim imputados."
Para quem disse: "Eu entrei na forma da lei e sairei na forma da lei", é até engraçado observar o quão forte é o poder da pressão estudantil, força vital de qualquer instituição de ensino. Uma ação do Ministério Público Federal no Distrito Federal e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios protocolou que cerca de R$ 470.000 foram desviados do financiamento de projetos e pesquisas e desenvolvimento institucional da UnB para mobiliar e decorar um imóvel do reitor. Além disso, R$ 72.000 foram usados para comprar um automóvel de uso exclusivo do mesmo.
Absurdo? Também acho.
domingo, 13 de abril de 2008
REITOR DA UNB RENUNCIA AO CARGO - G. MACEDO
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3 comentários:
quero prestar agora meu depoimento parcial e pessoal em relação ao assunto.
meu Deus, que país é esse? será que pode, um reitor de uma respeitosíssima universidade, a universidade-maior da capital brasileira, desviar verbas para.. mobiliar e decorar um apartamento? e será que é preciso arranjar setenta e dois mil reais, pertencentes à instituição de ensino, para comprar um carro?
vocês acham que o reitor mulholland precisa de mais um carro? ou vocês pensam que ele nunca teve um? e que bom pra ele, não é mesmo, agora pode viver mais do que confortavelmente num luxuoso apartamento do bairro mais nobre do distrito federal. enquanto isso, a dengue assola os usuários dos eficientes hospitais públicos do brasil inteiro, a grande massa excluída, pobre, desesperada, afoita, louca por atenção, necessitada de qualquer desvio de dinheiro que seja.
tudo isso me revolta muito.
vou aguardar por mais informações a respeito do assunto para publicar e manter os escassos leitores do blog atualizados.
mas Gabriel, não se estresse. eu sei que são escassos. Já fizemos o nosso apelo, basta agora, esperar para que atentem para a realidade.
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