sexta-feira, 11 de abril de 2008

LADRÕES DE BICICLETA - C. MARCELO


CULTURA & ARTE

AUTORA CAMILA MARCELO


ladri di biciclette


A Unifor, todo mês, seleciona filmes para serem exibidos e debatidos. Esse projeto, Cineclube Unifor, é uma realização da Vice-Reitoria de Extensão, em parceria com a Distrivídeo e a TV Unifor. Quinta-feira passada, 03 de abril, foi a sessão nomeada de neo-realismo, representada pelo filme Ladrões de Bicicleta.

Ladri di biciclette, o real título desse longa-metragem, relata a história de Antonio Ricci, um homem de origem humilde que, após dois anos desempregado, consegue um emprego de colador de cartazes na cidade. Para garantir esse serviço, necessitava reaver sua bicicleta penhorada, então vende seus lençóis para pegá-la de volta.

Em seu primeiro dia de trabalho, estampa um sorriso em sua face, veste a farda e percorre a cidade colando os cartazes de atrizes americanas. A felicidade em ter arranjado uma ocupação que lhe proporcionasse um salário fixo mais benefícios durou pouco, pois, enquanto ajeitava um dos pôsteres na rua, a sua bicicleta foi roubada, destruindo o sonho de manter-se no emprego e melhorar a condição de vida da sua família.

O filme transcorre desse imprevisto, mostrando, ao longo das cenas, a Itália pós-guerra, completa de miséria e crise. Evidencia a questão de sobrevivência dos indivíduos, os quais, sem emprego, oportunidades ou esperanças, são obrigados a ir contra os valores morais e éticos da sociedade, cometendo pequenos furtos ou ganhando dinheiro enganando aqueles mais ingênuos. É o caso da "vidente" que cobra um valor alto para dizer palavras vazias, óbvias.

Embora haja a utilização de atores amadores, as expressões de angústia e gestos inquietos de Ricci (Lamberto Maggiorani) transmitiram a real sensação de estar em uma situação na qual deve-se escolher se segue as normas da sociedade e espera a ação da polícia quanto ao assalto ou usa-se a lei da selva de "cada um por si" e contraria os princípios de um bom cidadão em virtude da sobrevivência.

Ricci, sem esperanças e desesperado por não conseguir achar o ladrão de sua bicicleta, vê-se na necessidade de roubar uma para não perder o emprego que arduamente conseguiu. Ele não conseguiu furtar e não o prenderam por seu filho estar próximo. O filho entrega o chapéu ao pai e segura a sua mão, enquanto caminha na rua, dando-lhe força para este homem desapontado pelo seu mau exemplo para o filho, por não conseguir sua bicicleta de volta e por saber que no dia seguinte não poderia ir ao trabalho novamente.

E lembrando dessa comovente cena, recomendo esse magnífico filme de 1948 que marcou o cinema italiano quando produzido e ao longo desses 60 anos.


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NOTA DO EDITOR: A magnífica resenha que vocês leram aqui foi postada no blog da grande autora Camila Marcelo. Confiram-no a partir do texto supracitado.

2 comentários:

quinderégomes disse...

Gente, eu tava muito afim de assistir esse filme. =/
Mas eu esqueci quando ia ser passado.
Enfim, parece ser MUITO interessante, tanto pela história quanto pelo contexto social.

E uma pergunta: o Cineclub Unifor, SEMPRE passa esses filmes ou é só de vez em quando?

Camiℓa Marceℓo disse...

ele possui uma seleção de filmes para serem exibidos a cada mês. Em abril serão quatro filmes, já foram dois e os outros vão mostrados nas próximas duas quintas-feiras às 13h30 na videoteca.